25.3.09

Naomi Conte é escritora e já publicou um livro "A Livraria da Esquina e outros contos de mulheres", ela escreve também no blog contos interditos

Apressada

Foi em setembro, ela apareceu a primeira vez naquela primavera, havia desaparecido por longos oito meses, bateu na porta como sempre havia batido e entrou dando boa noite como se tivéssemos nos visto na semana passada. Ela entra e diz que hoje em dia ninguém é real, ninguém é de carne e osso, todos indo sempre, líquidos escorrendo pelas mãos, eu digo que ainda estou aqui, ela diz que não importa, que somos minoria, eu digo que vale a pena, alguma coisa vale a pena se a alma não é a que pena e sorrio buscando dentro dela um riso. Ela hoje está vestida de noite, eu de paciente ironia, abrimos uma garrafa de vinho tinto, servimos em glamourosas taças e sentamos de frente para a janela com os pés sobre o parapeito, lá fora também é noite. Ela diz para eu largar os livros, que poetas e tontos se compõem de palavras, eu digo que ser tonta é uma dádiva. Ela enrola o echarpe no pescoço protegendo-o do frio do vento, ficamos ali a ver navios flanando na noite, adormeço com a cabeça recostada no seu ombro e gentilmente ela me conduz a cama. Dormimos abraçadas até de manhã.

5 comentários:

nuccia disse...

não me conte.

a sêde do peixe disse...

quase achei que fosse seu, adá.

adan arruda. disse...

é mêmo?

adan arruda. disse...

você já a conhecia ana?

nuccia disse...

conhecia não.

5 Comentários
Comentários

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