18.1.12

Gays: ridicularizar é desumanizar.

As declarações do ator Marcelo Serrado, que não admite que a filha veja um beijo gay na televisão, mas afirma não ser homofóbico, me fizeram lembrar daquela senhora que, embora prefira que a filha não se case com um negro, insiste que não é racista.
O personagem que Marcelo interpreta na novela Fina Estampa, o Crô, como vários outros personagens homossexuais que a televisão inventa e veicula, reforça o estereótipo de que ser gay equivale a ser objeto de piadas ou humilhações. É a mesma mentalidade que, durante anos, apresentou a quase totalidade dos negros televisivos como escravos, empregadas domésticas e marginais.
Os homossexuais estereotipados que a televisão apresenta garantem a audiência, ao satisfazer a curiosidade do público (“como é um gay?”), sem desafiar os padrões moralistas ainda vigentes (“ser gay é ridículo”). É por isso que a maioria dos homossexuais que aparece na televisão é caricata.
Os gays convencionais, que têm profissões comuns, relações estáveis e são bem-sucedidos na vida são ocultados da visibilidade pública. Para a televisão, eles praticamente não existem.  Sabe por quê? Porque eles desafiam a noção moralista de que ser gay é uma condição humana inferior e condenável.
Em relação aos negros, a coisa mudou.  Agora, nas novelas, ser negro não representa uma condenação à pobreza ou à marginalidade. A televisão passou a desempenhar papel construtivo na afirmação da igualdade racial e da noção de que a negritude não limita as possibilidades existenciais de ninguém neste mundo. Está na hora de fazer o mesmo com relação aos homossexuais.
No passado, os negros só comiam na cozinha. Hoje, os homossexuais não podem se beijar.
É de justiça que isso mude.

Texto escrito por Alexandre Vidal Porto e publicado em seu blog na Bravo!


Batman & Robin, foto de Terry Richardson

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