9.9.10

Um poema de Joaquim Castro Caldas

um sms

no tempo dos badalos, nos dentes do cocheiro as cartas eram sangues, levavam febrões de cavalos e freios nos segredos, atravessavam nevões e suores para mudar de mãos às descobertas e revoluções, eram sustento de escravos e romances de cortesãs, mote de folguedos e duelos afãs, as saias do mulherio armavam partos e escondiam medos, perguntava-se pelos amores e estimava-se por nós. hoje para chegar a tempo manda-se um silêncio a dizer morri, vivalma, nada, e deixam-se uns gemidos na bolsa marsupial dos cangurus, alguém é pago para ir lá buscá-los, não há órgãos, mãos e olhos, esporas e poros.


joaquimr castro caldas do livro “Mágoa das Pedras”, edição Deriva, 2008
retirado de http://pimentanegra.blogspot.com/2008/08/morreu-joaquim-castro-caldas-um-dos.html

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