16.4.10

É o celibato, estúpido!

A vida ensina que, quanto mais o sujeito tem raiva de homossexuais, mais enfiado deve estar seu pé no armário. E ensina também que de oportunistas o mundo está cheio. O caso de Roy Ashburn, senador republicano pela Califórnia, é emblemático.
Passou dois mandatos combatendo os direitos dos homossexuais e, em março, acabou detido por dirigir alcoolizado ao sair de uma boate gay com um garoto de programa. No seu pedido de demissão, admitiu que ser antigay era uma boa maneira de atrair o voto do eleitor.
Outro fato conhecido é o do pastor Ted Haggard, que pregava contra a homossexualidade para o público ultraconservador do meio-oeste americano até que um profissional do sexo cansou da hipocrisia e revelou publicamente que o pastor era seu cliente havia três anos.
Esses casos de “ódio funcional” remetem ao tititi da semana. O que eu gostaria de saber é se houve algum problema recente envolvendo homossexuais e pedofilia. Os gays fizeram alguma coisa errada? Creio que não, não é mesmo?
Então por que o número dois do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone resolveu declarar guerra aos gays? Já não bastava a CNBB ter voltado seus canhões contra a lei que criminaliza a homofobia no país, projeto que busca apenas valorizar o homossexual como cidadão?
Pouco importa se a Santa Sé depois tenha tentado abrandar as palavras do cardeal, que é o segundo na hierarquia da igreja. O estrago contra milhões de pessoas está feito.
Na tentativa desesperada de acobertar o que não consegue mais conter (no mês passado foram 15 mil ligações a uma linha telefônica para denúncias anônimas contra padres na Alemanha), a igreja empurrou o problema para a frente e tentou criar um vínculo na mente de seus fiéis entre homossexuais e um crime asqueroso. É de uma desonestidade de ajoelhar no milho.
Eu digo que já passou da hora de acabar com esse bullying da igreja. Poderíamos começar colocando os pingos nos is. Alô, cardeal Bertone! Palavras terminadas em “ismo” são as patologias. Que eu saiba, homossexualidade deixou de ser considerada como doença pela Organização Mundial da Saúde há mais de 20 anos, então não pode ser “homossexualismo”. Já celibato é a supressão da sexualidade, isso sim, uma coisa de dar medo.
Aliás, eu gostaria de entender: como é que o Vaticano fala, ao mesmo tempo, em celibato e em “identidade sexual dos padres”? Não seria misturar as duas coisas o que acabou dando nessa confusão toda em que a igreja se meteu?
Dois dos mais conceituados intelectuais ateus do nosso tempo, Richard Dawkins e Christopher Hitchens, afirmaram nesta semana que estão estudando uma maneira legal de pedir a prisão do papa Bento 16 por crimes contra a humanidade assim que ele pisar na Inglaterra, em visita oficial, em setembro.
Na visão deles, o papa teria acobertado casos de pedofilia quando cardeal, deve ser julgado como cúmplice e não tem imunidade diplomática, já que o Vaticano não é um estado representado na ONU.
Parece extremo? Bem, do ponto de vista das centenas de milhares de vítimas de estupro praticado por padres ou aos olhos dos homossexuais que, para a igreja, não passam de aberrações, nem tanto…

texto escrito por Barbara Gancia, na Folha de São Paulo, hoje

3 comentários:

helô disse...

qui sintonia, tava pra postar alguma desse caô caótico da vaticanagem ontem. pedofilia no me gusta tanto, et los padres tampoco. pero a eles los indíginas brasileños parecem muy sensuais. no têm deus? ni rey? ni ley? no ay problema: eles vêm acá solver cette questión...

Adá disse...

comida de padre, comida de padre!

Adá disse...

é assim que falam no interior

3 Comentários
Comentários

Assista!


























­Ss##########


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