Mas, foi muito emocionante. Quatro trios elétricos ao som do mais gritante bate-cabelo levaram a multidão ao delírio e conseguiram PARAR TUDO! no centro de Brasília. Demos uma volta inteira na Rodoviária, algo inusitado, na intersecção essencial para fluxo de toda a cidade. Obrigamos muita gente a ficar algumas horas em seus ônibus e carros para engolir nosso grito de orgulho.
Interessantíssimo foi ouvir do som de um carro uma mulher dando ordens à PM para liberar passagem (“PM, agente tem autorização para dar a volta na Rodoviária! Motorista, pode seguir em frente!). Tanta moral deve ser por que o evento é patrocinado pela Brasília Tur, uma empresa que anda canalizando grande parte da verba destinada à cultura da cidade e de propriedade do Vice-Governador Paulo Otávio, manda-chuva de Brasília, alguns diriam o Rei de Brasília, dono de tudo e marido da filha do Juscelino Kubitschek. Na moral.
Falando em cultura, senti falta da própria diversidade da comunidade LGBTS. Vi quase nenhum Bear/ Urso, pouco das Lésbicas, tímidas Barbies, quase zero de Príncipes e Bissexuais e as Transex estavam muito pouco glamurosas. Quase nenhuma faixa deles. Tanto bate-cabelo só poderia mesmo atrair as bichas bate-cabelo, que foi a grande público presente, a periferia corajosa, longe de casa, que se tivessem tocando Calipso super se sentiriam em casa. Só tinha bate-cabelo.
Nada contra Beyonce bombando no coração de Brasília (foi fantástico!, alias, bem na hora que entramos na Rodoviaria, a pista de dança mais loca do mundo). A única coisa que eu ouvi de diferente na trilha sonora foi que colocaram duas músicas da Ivete Sangalo, que também não deixou de ser um bate-cabelo. Que bom que a música brasileira teve essa becha e que bom que a Ivete foi a representante.
Eu que já fui à Parada de São Paulo umas 6 vezes posso dizer que a de Brasília é muito mais civilizada. Não vi gente passando mal, gente bêbada caindo no chão, hétero caçando seila-oque e manos prontos para um bate-carteira. Era só sorriso. Houve até amigo reclamando a falta de cerveja, mas eu agradeci. Ninguém merece.
Enfim, fui para me divertir e também para agregar meu grito de liberdade à esse movimento. Refleti muito sobre o motivo daquilo tudo, como sempre fico filosofando, e reconheço a importância de uma vez por ano agente botar a cara na rua, em massa, e gritar nossa existência, principalmente na capital do pais. Não posso julgar quem não foi, mas parabenizo a todos que foram. O orgulho é mesmo difícil de ter, com tanta segregação e preconceito na cultura brasileira, mas é essencial para quem quer viver a liberdade. Lindo mesmo é ver meu pais caminhando em direção à liberdade.
12º parada do orgulho LGBTS de Brasília, do mundo louco para todos!
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