Madame Satã
O diretor Karim Aïnouz acerta no coração da serpente quando constrói sua ‘antropologia da face gloriosa’ - tal qual o fotógrafo Arthur Omar – com um êxtase. Com a arrebatadora performance de Madame Satã. Um rito bacante. Ogum, Iansã e Dionísio reunidos num mesmo corpo pleno de potência.
Lázaro Ramos ressuscitou Madame Satã em cada palavra, em cada gota de suor, em cada ímpeto. A interpretação leva a força do teatro para o cinema. Vemos o bicho Jamaci – fera da floresta da tijuca que se mistura com o Tubarão Monstro da china - explodir diante de um espelho e nos mostrar o caminho para a resistência possível: apropriar-se do inimigo, digeri-lo e regurgitá-lo como um outro ser. Ser livre e subversivo, avesso aos limiares da sociedade do controle. Ser pleno de devires e absoluto no que tem de mais monstruoso, belo e original: sua identidade.
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