Poeta, romancista, ensaista e colaborador (das revistas Verbum e Orígenes), o cubano José Lezama Lima nasceu nas proximidades de Havana e morreu nesta mesma cidade aos 66 anos de idade, em 1976.O primeiro livro publicado de Lezama Lima foi um longo poema intitulado "Muerte de Narciso" datado de 1937, depois deste vieram Coloquio con Juan Ramón Jiménez, o livro de poesias Enemigo Rumo, o poema 'Aventuras Sigilosas La Fijeza, ensaio sobre Arístides Fernández, o ensaio 'Analecta del Reloj, ensaio 'La expresión americana, ensaio Tratados en La Habana,
livro de poesias 'Dador, a 'Antología de la poesía cubana', Órbita de Lezama Lima, o romance (que é a biografia íntima de José Cemi, intelectual cubano dos anos 30) Paradiso, a antologia 'Los grandes todos, Posible imagen de Lezama Lima, ensaio 'Las imágenes posibles, Poesía Completa 1970, ensaio 'La cantidad hechizada, Introducción a los vasos órficos, ensaio Las eras imaginarias, o romance inacabado 'Oppiano Licario' publicado depois de sua morte e Fragmentos a su imán, de 1978.
José Lezama influenciou os escritores cubanos e porto-riquenhos da sua geração, como o poeta já postado aqui no blog Virgilio Piñera, Reinaldo Arenas, René Marqués e Giannina Braschi.
Poesia:
Chamado do Desejoso
Desejoso é aquele que foge de sua mãe.
Despedir-se é lavrar um orvalho para uni-lo à secularidade da saliva.
A profundidade do desejo não está no seqüestro do fruto.
Desejoso é deixar de ver sua mãe.
É a ausência do acontecido de um dia que se prolonga
e é na noite que essa ausência vai afundando como um punhal.
Nessa ausência se abre uma torre, nessa torre dança um fogo oco.
E assim se alastra e a ausência da mãe é um mar em calma.
Mas o fugidio não vê o punhal que lhe pergunta,
é da mãe, dos postigos fechados, que ele foge.
O descendido em sangue antigo soa vazio.
O sangue é frio quando desce e quando se espalha circulizado.
A mãe é fria e está perfeita.
Se for por morte seu peso dobra e não mais nos solta.
Não é pelas portas onde assoma nosso abandono.
É por um claro onde a mãe ainda anda, mas já não os segue.
É por um claro, ali se cega e logo nos deixa.
Ai do que não anda esse andar onde a mãe não o segue mais, ai.
Não é desconhecer-se, o conhecer-se segue furioso como em seus dias, mas segui-lo seria o incêndio de dois numa só árvore,
e ela adora olhar a árvore como uma pedra,
como uma pedra com a inscrição de antigos jogos.
Nosso desejo não é pegar ou incorporar um fruto ácido.
O desejo é o fugidio
e das cabeçadas com nossas mães cai o planeta centro de mesa
e de onde fugimos, se não é de nossas mães que fugimos,
que nunca querem recomeçar o mesmo jogo, a mesma
noite de igual ilharga descomunal?















































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